quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Céu e Inferno.

Há qualquer coisa lá fora! Através dos vidros baços vejo que há uma calmaria na rua.
Deste lado apenas existe um corpo, uma alma e uma almofada que guarda todos os meus segredos.
Não te vou deixar entrar. Se deixasse passaria a ser uma almofada para dois corpos e duas almas. É alarmante! Dizes-me que não há motivo para alarme. Prometes não me causar nenhum dano, prometes não me causar nenhum mal, mas não posso arriscar. Quero manter os meus segredos na minha almofada.

Há qualquer coisa lá fora. Através dos vidros baços vejo que estás preso num fogo cruzado.
Céu e Inferno. Estou no céu e torna-se cada vez mais difícil ver-te nesse fogo cruzado do inferno, procurando por um abrigo.

Agora estamos os dois no fogo cruzado. Tenho de arriscar o inferno, só assim o resgate pode ser perfeito. E foi!

Continuo a sentir que há motivo para alarme ao ver-te trocar de roupa enquanto diminui a luz, mas toda a tempestade de fora é esquecida.
Raios! A tempestade foi demasiado esquecida. De repente, nuvens negras aproximam-se. Com elas a mágoa e dor parecem cair como chuva.
Eu sabia que havia motivo para alarme!

...E estamos presos num outro tipo de fogo cruzado. Céu e inferno juntaram-se. Procuramos por abrigo.

Peço-te que digas ao diabo que volte para as suas origens! Ele lança fogo por todas as veias pulsantes. E quando o mais difícil passar estaremos aqui, naquele que era apenas céu. E os nossos sonhos guardados na almofada quebrarão as barreiras dos medos.

Não faz sentido. Agora que passou, anseio por mais fogo cruzado, por mais veias pulsantes. Anseio que a almofada se torne mais vezes de dois corpos.