sábado, 1 de dezembro de 2007

O acender de um cigarro trouxe-o de volta.

Estava mal desde a hora de almoço, estava bastante pensativa, talvez um pouco nostálgica, ao mesmo tempo apática e tranquila... Esperei por ele e, sinceramente, não me cansei minimamente de esperar, mas estava ansiosa por que ele chegasse. Estava ansiosa como sempre fico, como se fosse aquelas primeiras vezes em que combinávamos encontrar-nos e como aquelas últimas vezes em que combinávamos encontrar-nos. Porque, na verdade, o sentimento ia sempre aumentando e não deixava que aquela fantasia do início da nossa relação se desvanecesse.

Ao meu pensamento vinha aquela nossa música.

Ele não veio. Tinha ficado tarde cedo de mais, tinha ficado tarde antes de ter vindo ter comigo, e estava na hora, de aquela pessoa por quem tinha estado à espera, apanhar o comboio e ir para aquele inferno que é o trabalho. Quando soube que não o iria ver, quando me avisou de tal tortura, peguei em mim mesma e..., sem sequer saber para onde ia, deixei-me ser levada por aquela multidão. O meu corpo levou-me precisamente, coincidente ou inconscientemente, para aquele lugar onde ele estaria à espera do comboio. Não sei se a mensagem que mandei para o telemóvel, quando estava a ir em direcção àquele lugar, foi enviada consciente ou inconscientemente. Sei que o queria ver e que tudo foi muito rápido.
Estavam mais sentimentos dentro de mim do que eu estaria à espera naquele momento. Dentro de mim, não estava só o sentimento de falta e de saudade que tinha dele, estava também um sentimento de fúria. Sim, eu estava furiosa. Estava furiosa porque tinha estado à espera dele durante toda aquela manhã, tal como tinha estado à espera dele durante um mês. Senti que não fazia sentido passar naquela manhã o que tinha passado durante um mês inteiro. Para mim não fazia sentido e isso deixou-me furiosa.

Aquela música passou de novo pelo meu pensamento.

A mensagem que tinha mandado dizia: "Estou no café da estação. Se por acaso quiseres, aparece.". Senti que tinha de mostrar a minha fúria através daquela mensagem e ao mesmo tempo, tentar mostrar que não estaria muito interessada que ele se desse ao trabalho de aparecer. Tentei mostrar que o facto de estarmos praticamente no mesmo local, à mesma hora, era apenas obra e graça não sei de quê, queria tentar mostrar que era apenas coincidência.

Sentei-me na última mesa, na mesa em que gostávamos de ficar. Uma mesa escondida, bem mais acolhedora que as outras. Sentei-me na cadeira que estava encostada à parede. Será que a escolha que fiz, de me sentar naquela cadeira ao canto e encostada à parede, estava relacionado com o facto de eu precisar de apoio e de não querer que as pessoas notassem o turbilhão de sentimentos que estava dentro de mim?
Para ser sincera acho que sim, acho que era o meu corpo que estava a pensar quando me levava em direcção a certos sítios, e não a minha mente.

Aquela música novamente.

Pedi um café. O meu pedido tinha sido aceite e concretizado. Naquele dia, acho que tinha sido o único pedido que tinha feito e que tinha sido aceite. O café foi-me trazido por uma rapariga que me chamava a atenção pela conjugação de roupas que tinha feito antes de sair de casa e se dirigir ao seu local de trabalho. Quando o café me foi trazido, tirei um cigarro dos três que me restavam e enquanto o tentava acender com o meu Zippo...

Estava a entrar no café. Senti uma pontada de felicidade. Ele, o rapaz por quem tinha estado à espera, estava a entrar com um jeito apressado como se estivesse atrasado para alguma coisa. (E não estava?).

Deixei que ele se sentasse. Liguei o meu iPod... escolhi a opção Play quando vi escrito no visor MASSIVE ATTACK – TEAR DROP... pus os phones... levantei-me... estendi-lhe a mão a fim de o cumprimentar com um simples aperto de mão e, num impulso, a minha boca abriu-se para lhe dizer: “Tarde de mais!”.

Black out.



(Talvez ainda haja muito para escrever, mas prefiro ficar por aqui.)

9 comentários:

Anónimo disse...

MASSIVE ATTACK - TEAR DROP

A musica q a todos fez pensar e mais q n seja tem o significado da grande noite q passamos a fazer um trabalho de area de projecto...

Faz aquilo que for melhor para ti...N digo isto porque é bonito, digo porque é o que mais desejo que faças... Segue o qe sentes... Mas não te arrependas de nada... =)

E lembra-te... Aqueles que realmente fazem falta e q são importantes estão sempre por perto.

Amo-te Joana Ferreira <3

Joey disse...

E que música...
Esta música faz me lembrar as apresentações orais marcantes de português, faz me lembrar o acampamento, a noite da directa em minha casa a fazer aquele plano de projecto (coitadinhas de vocês, por causa de mim tiveram que ouvir a música a noite imteira. lol).

Enfim... é aquela música! Também te amo Bárbara Viotty!

Nothing Man disse...

Que amor tão sobriamente lésbico aqui se apresenta...impressionante...devéras escabroso direi...

Anónimo disse...

Fantastico, é bom que tenhas posto aqui o texto que fizeste, porque apanha-se o sentido quando lido oralmente, mas ha palavras que no entanto queremos reler, e frases que queremos voltar a perceber...é um belo dum texto x)..Viva a Teardrop! (Renato: "Deveras" nao leva acento! XD...ahaha, fica bem)

Anónimo disse...

complicadamente simples,

mas se bem te conheço nao terias conseguido darlhe um aperto de mao.

fikarias parada a ouvir a musica.

:)

filipe

Nothing Man disse...

Pois é Miguel mas "Fantástico" leva...já para não falar do ha sem acento, mas n quero ser mesquinho...regozijo-me de observar que está tão obstinadamente atento à minha escrita...faça o obséquio de observar mais a sua...

Por Deus, hoje encontro-me tão hostil...

Joey disse...

É favor de não usarem o meu querido blogue como um meio para se "agredirem" uns aos outros!

sim?! lol.

Anónimo disse...

simplesmente adorei o teu texto.
deu para pereceber k estava cheio de sentimentos.

continua a escrever dexa maneira =)

Anónimo disse...

Tou todo molhado caraças!